quinta-feira, 10 de novembro de 2016

The Very Best of Ennio Morricone

Ave!
Uá-Uá-Uáááá! Esta é, quase garantidamente, a forma mais estranha de começar um artigo num blogue. E no entanto, se eu vos disser para associarem a esta onomatopeia, em pano de fundo, um filme western... de repente tudo faz sentido.
Comprei recentemente o The Very Best Of Ennio Morricone, um dos grandes vultos para os apreciadores da "música do cinema". Brilhante compositor italiano, o maestro é um dos poucos artistas cujas bandas sonoras são imediatamente identificáveis por qualquer pessoa, ficando somente atrás do inigualável John Williams.
O "Uá-Uá-Uáááá" por onde começámos, na realidade responde como tema principal do filme "O Bom, o Mau, e o Vilão" (Sergio Leone, 1966), e tem lugar garantido entre os 10 temas mais icónicos do cinema. É extraordinário apurar os sentidos para perceber como o maestro soube, de forma engenhosa, moldar música e som para produzir algo tão único. Esta arte é igualmente reconhecível em alguns dos seus outros temas, como o caso de "Por Um Punhado de Dólares", onde se podem escutar inclusive estampidos de chicote.

Mas a obra de Morricone é imensa, e está longe de se cingir aos westerns. Um dos seus trabalhos mais nobres será a banda sonora de "A Missão", de onde o delicioso oboé de Gabriel continua a inspirar gerações, e cujo tema central conferiu ainda maior expressividade à assombrosa paisagem que acolhe a história.


O álbum, tal como a carreira do maestro, não se esgota no cinema. No entanto, é inegável que foi o seu percurso na 7ª Arte que projectou Morricone para o reconhecimento mundial. Foi em 2016 que ganhou o seu primeiro Oscar (exceptuando um Oscar honorário), resultante da colaboração com Quentin Tarantino em "Os Oito Odiados", mas foi em 1968, para "Aconteceu no Oeste", que compôs, porventura, a sua obra-prima. O tema principal do filme é de uma beleza somente equiparável à de Claudia Cardinale.


Por uma obra extensa, variada, e maravilhosa, resta-nos olhar com ternura para Ennio Morricone, e sussurrar-lhe: grazie, maestro.

Post scriptum
Este artigo é dedicado à Xana e à Xina, por saberem estalar o chicote que me obriga a escrever. E logo hoje, que Ennio Morricone completa 88 anos. :)


Addendum

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