Ave!
Itália é seguramente o único país do qual nunca me
canso. Das quatro vezes que já lá fui regressei sempre deslumbrado com as suas
magníficas cidades, todas elas "museus vivos". Turim não foi
excepção, muito graças ao majestoso Polo
Reale Torino, pólo museológico que engloba o Palazzo Reale, a Armeria
Reale, a Biblioteca Reale, o Museo Archeologico, e a impressionante Galleria Sabauda, um assombro de três
pisos que acolhe a impensável galeria de arte de uma das famílias mais
importantes da História da Europa, os Sabóia.
Foi precisamente na Galleria Sabauda que deparei com um episódio extraordinário. Um
professor, acompanhado dos seus alunos, debruçava-se sobre uma tela. A parte
extraordinária do episódio é que a aula não estava a ser dada pelo professor,
mas sim pelos alunos. O professor, enquanto tutor, apenas complementava,
incentivava, "puxava" os seus discípulos para a vida da tela.
A tela em questão é um trabalho magistral (haverá algo
em Itália que o não seja?) com a representação d'A Paixão de Cristo, pintada por Hans Memling em 1471. O quadro
apresenta, num cenário único, os vários episódios da Via Sacra, levando os
nossos olhos a navegar por cada conjunto de personagens que representa cada um
dos episódios. É magnífico. De certa forma precursor do que mais tarde viria a
ser a nona arte.
Note-se a facilidade com que se identificam a Última
Ceia, o Beijo de Judas, o lavar de mãos de Pôncio Pilatos, a colocação da coroa
de espinhos, a queda, a crucificação, ou a ressurreição. Verdadeiramente
fascinante. É um daqueles quadros em que cada pormenor merece demorada atenção.
Tirei várias fotografias a pormenores do quadro, mas
não vale a pena colocá-las aqui, uma vez que na era digital é mais fácil
recorrer ao Google para encontrar uma imagem em alta resolução. Deixo apenas o
pormenor de Pôncio Pilatos.
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