Ave!
Para apaziguar a fúria dos Portugueses durante a
ausência de "As Tentações de Santo Antão", de Hieronymus Bosch, o
Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA) inaugurou a exposição "Obras em
Reserva - O Museu que não se vê", composta por parte do espólio do MNAA que
não costuma estar em exibição.
É suficiente para serenar a ira lusitana perante a
ausência da mais importante obra de Arte que existe no país? Óbvio que não, mas
sempre é mais uma razão para voltar ao mais importante museu nacional.
"As reservas de um museu são, por natureza, um território mítico: um
lugar protegido, inacessível aos olhos profanos, onde se acumula e preserva um
sem-número de obras de arte. Nelas ocultam-se peças isoladas ou formando
séries, mais ou menos extensas e de diversa índole, acondicionadas por
critérios vários, de natureza técnica ou mesmo pragmática. É esse espaço,
velado e misterioso, que esta exposição pretende evocar, trazendo à luz e ao
olhar curioso dos visitantes um vasto número de obras que, apenas pelos
constrangimentos físicos do edifício em que se aloja o MNAA, não fazem parte da
sua exposição permanente."
Não será apenas pelos constrangimentos físicos que a
descrição oficial da exposição refere. Várias das obras expostas estão em
fracas condições, e são de interesse reduzido relativamente ao majestoso espólio
do museu, sendo algumas delas simples cópias, ou contando com atribuição
discutível de autor. Não obstante, muitas das obras mais do que justificam a
visita, para mais tratando-se de uma rara ocasião para lhes colocar a vista em
cima.
A Grande Prostituta de Babilónia, Albrecht Dürer, Século XV (xilogravura)
A Família de Dário aos pés de Alexandre, Século XVIII (tapeçaria, lã e seda)
Nascimento da Virgem, atribuído a Perugino ou Rafael, Século XV (desenho em cartão)
Anjo Custódio do Reino de Portugal, In Livro de Horas, dito de D. Manuel, Século XVI
Sem obedecer a qualquer critério em particular, são
alguns exemplos da exposição que alberga igualmente uma tapeçaria onde se
representa Hércules a capturar Cérbero, uma estátua de basalto de um leão
proveniente do Egipto anterior a 30 a.C., várias estatuetas de santos em
madeira policromada, pinturas diversas, desenhos e porcelanas.
É interessante perceber o quão pouco do espólio total
do MNAA se encontra em exposição permanente, e uma oportunidade para observar aquelas
obras que fazem parte do museu que não se
vê.
Addendum
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