segunda-feira, 22 de agosto de 2016

God Emperor of Dune, de Frank Herbert



How could a human slowly turn into a sandworm? How could any thinking creature live more than three thousand years? Not even the wildest projections of geriatric spice allowed such a lifespan.
Leto II, the God Emperor?
The Tleilaxu history was not to be believed!

Ave!
Dune é o maior feito da história da ficção científica. Esta afirmação peremptória parte de alguém que desde muito novo é fanático por Star Wars, leu K. Dick, Jodorowsky, e consumiu doses generosas de tudo o que em cinema, televisão, videojogos, banda desenhada, e por aí fora, foi criado em redor do género.
Dune é um campeonato à parte.
Frank Herbert criou em 1965 uma obra literária magistral, que somente por discriminação para com o género ficção científica não figura entre as grandes obras literárias do século XX. Dune tem uma linguagem própria, inserida numa criação inigualável em termos de construção de cenário/ambiente. A dimensão ecológica, política, e espiritual, ombreia com toda a saga épica das personagens que lutam pelo poder.
God Emperor of Dune é o 4º livro da saga (composta por 6 volumes), e portanto o que vou escrever neste texto parte do princípio de que quem o ler está familiarizado com a história que o antecede.
Passaram 3500 anos desde que o filho de Muad'Dib decidiu abraçar o Golden Path. Leto II é o Deus-Imperador que governa o Universo. Dono de poderes inimagináveis, assumiu o papel de tirano, e pagou o custo exigido para guiar a Humanidade ao seu destino: o seu corpo metamorfoseou-se num híbrido entre homem e sandworm, resultando numa imensa criatura grotesca. Arrakis, o planeta conhecido como Dune, sofreu igualmente uma metamorfose impensável. De planeta-deserto passou a planeta cheio de água e vegetação. As implicações desta transformação são óbvias. As sandworms desapareceram, e com elas a produção da spice melange. Tudo o que conhecíamos graças aos três primeiros livros está agora diferente.
Este livro desenvolve-se essencialmente em capítulos que narram diálogos entre o Deus-Imperador e outras 3 ou 4 personagens-chave, com visões próprias, e relações distintas com "o Deus", "o Imperador", e "o Tirano". É, também, a meu ver, o livro onde as diversas facções políticas estão mais activas. Cada uma tenta ludibriar Leto II, por forma a ganhar algum tipo de vantagem.
No fim, fiquei com a sensação de ser um livro inferior aos antecedentes. Muito focado nos diálogos, excessivamente vagos, e carregados de um esoterismo pseudo-religioso que se torna difícil de conciliar com a ausência de acção a que o livro parece ter sido votado. Entendamo-lo: o livro continua a ser muito bom, e tem diálogos muito bem escritos. Leto II é claramente inspirado em muitos dos megalómanos imperadores de Roma. Mas, quando chegamos ao fim, perdura aquela sensação de "faltou aqui qualquer coisa para dar nexo a tudo isto". Já li, e já mo disseram, que nos dois livros seguintes boa parte do que se passa em God Emperor of Dune é explicado. Mas falta ao livro aquela mística única do universo Dune, e as personagens icónicas por quem nos apaixonámos anteriormente fazem mesmo muita falta. E, acima de tudo, falta "aquela linguagem própria", dos Fremen, de Arrakis, dos Mentats...



Addendum
“The Prophecy”, o brilhante tema composto por Brian Eno para Dune. Toda a dimensão da saga literária de Dune resumida numa única música inebriante.


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